quarta-feira, 23 de outubro de 2013

FEIRA DA GESTANTE - A CILADA 3



Semana passada a minha deliciosa e grávida esposa me chamou para ir à feira da gestante que ocorre no Rio a cada 2 meses. Como eu sou um bom marido e apaixonado por esses eventos ... aceitei na hora o convite, sem relutar por um segundo sequer.

A feira ocorreu no Rio Centro, um espaço destinado a eventos e que se encontra logo ali ... depois do autódromo de Jacarepaguá. Saímos da Tijuca e enquanto eu pensava em todos os bons momentos que iria apreciar, o trânsito fluía. Fomos cedo, pois a feira abria às 14:00 horas e chegamos logo às 15:30.

Logo na entrada a primeira alegria e eu nem havia deixado o carro. O mega estacionamento já estava bem cheio. Nesse momento eu já fiquei pensando em todas as pessoas que não tinham o que fazer naquele sábado ensolarado e resolveram se divertir indo a mesma feira que eu. Que bênção saber que nas próximas horas do meu dia eu estaria cercado por todas as pessoas que vieram naqueles infinitos carros. Quase não me contive de tanta emoção. A emoção era tamanha que até tentei convencer a minha esposa a voltar outro dia ... para que eu não tivesse um ataque do coração por tanto carinho. Ela negou e disse que eu precisava desses momentos para fortalecer meu espírito. Lá fui eu !!

Paramos o carro, não muito longe do local ... no máximo uns 3 quilômetros. O organizador do evento é uma pessoa muito sábia e com o conhecimento de que em feiras de gestantes os frequentadores estão acostumados a percorrer longas distâncias e ainda carregando peso extra, providenciaram que além da distância do estacionamento, teríamos que percorrer o percurso até o galpão. Mas sabendo que há pessoas preguiçosas ele providenciou carrinhos de transporte similares aos de golfe. O engraçado é que poucas pessoas usavam esse benefício, não sei se devida a boa forma de todos ou se era devido a fila que serpenteava.

Quando finalmente eu cheguei à entrada do galpão, ansioso para ver tudo o que ele continha, a minha esposa solicitou ir ao banheiro. Mulheres grávidas e banheiros públicos tem um enorme grau de atração. Na porta do banheiro eu aguardava e ali mesmo um estande de coisas do sul bombava. Era queijo, vinho, provolone, embutidos ... uma loucura!! Para quem possa estar imaginando a relação dessa venda com a feira de gestante eu digo que também estou procurando. Deve ser algum desejo comum nas grávidas. 

O local do evento era organizado. Ruas em ordem alfabética num sentido e numeradas no outro.  Assim antes que minha esposa saísse do banheiro eu já tinha traçado mentalmente o caminho que iríamos percorrer. Assim que ela saiu do banheiro me entregou uma lista com as coisas que deveríamos comprar naquele dia. Eram poucas e me lembro perfeitamente que a primeira delas era uma lixeira. Assim de posse da lista e com muito ânimo entrei no primeiro corredor. 

O que dizer da emoção ao perceber o quão largo e espaçosos eram os corredores. Havia espaço para tudo. E como sobravam pais educados, com suas mulheres ajeitadas e com filhos comportados, ninguém se esbarrava. Senti até falta do calor humano do metrô carioca. Minha esposa saltitava entre uma loja e outra e eu acompanhava a sua festividade cumprimentando educadamente os pais que passavam por mim. Carrinhos de bebês tinham faixa exclusiva, assim como os ônibus em São Paulo e Rio. Civilidade exemplar. A única coisa que me perturbava um pouco era o ar condicionado, o frio era estúpido. Por diversas vezes pensei em me agasalhar. 

Minha felicidade era incontrolável, porém eu estava lá com um objetivo e pretendia cumpri-lo. Eu tinha que fechar a lista de compras que minha esposa me entregou. Sabia também que não poderia demorar muito, apesar do meu desejo, pois minha esposa está grávida com 8 meses e precisa de descanso. Assim foquei minha meta e passei a ela o primeiro item ... a lixeira !!

Entramos num estande, ela olhou a lixeira, mas se interessou por um kit berço que faltava. Engraçado que este item não estava na lista. Ela olhou, mas não comprou o kit, comprou um rolinho para colocar na cama.
Segunda loja e agora eu tinha certeza que ela compraria a lixeira. Olhou, olhou, olhou ... e no final comprou um kit de porta trecos para pendurar no quarto. Nada de lixeira. Comecei a me preocupar. Afinal a lista não era tão pequena, eu já havia comprado 2 coisas e nenhuma delas estava na lista.

Terceiro local e eu não sabia mais se deveria ou não olhar a lixeira, ela não parecia se interessar muito naquilo que eu mostrava. Enquanto eu admirava as diversas cores e formas das lixeiras ela comprou um ultramegapowerantirefluxo travesseiro para o bebê.  Para mim o travesseira era nada mais do que uma espuma normal com caimento ... mas eu não entendo nada né ?? O  que soube é que preço era bem proporcional ao nome do travesseiro !!

O tempo passava enquanto eu acompanhava a minha esposa carregando suas sacolas. Ao fundo um som amigável divulgava aos compradores que havia uma barraca com quitutes culinários saborosos e apropriados para a ocasião. Era bobó de camarão, caldo de mocotó, caldo de feijão e caldo verde !! Era admirável observar a multidão que aguardava ansiosa para comer esses premiados pratos gastronômicos.

Enquanto eu me mantinha anestesiado pelo fluxo constante das pessoas a minha esposa me passava sacolas com as coisas que havia comprado. Com o tempo meu deslocamento tornou-se difícil devido aos volumes e em sacola alguma eu vi a lixeira !!


Depois de curtas 3 horas fomos embora. Eu lamentava a minha partida!! Fui lentamente para o carro e me despedi de todos os amigos que fiz no local. Agora só me resta a ansiedade pela próxima feira !! SÓ QUE NÃO !!!