Semana passada a minha deliciosa e grávida esposa me chamou
para ir à feira da gestante que ocorre no Rio a cada 2 meses. Como eu sou um
bom marido e apaixonado por esses eventos ... aceitei na hora o convite, sem
relutar por um segundo sequer.
A feira ocorreu no Rio Centro, um espaço destinado a eventos
e que se encontra logo ali ... depois do autódromo de Jacarepaguá. Saímos da
Tijuca e enquanto eu pensava em todos os bons momentos que iria apreciar, o
trânsito fluía. Fomos cedo, pois a feira abria às 14:00 horas e chegamos logo às 15:30.
Logo na entrada a primeira alegria e eu nem havia deixado o
carro. O mega estacionamento já estava bem cheio. Nesse momento eu já fiquei
pensando em todas as pessoas que não tinham o que fazer naquele sábado
ensolarado e resolveram se divertir indo a mesma feira que eu. Que bênção saber
que nas próximas horas do meu dia eu estaria cercado por todas as pessoas que
vieram naqueles infinitos carros. Quase não me contive de tanta emoção. A
emoção era tamanha que até tentei convencer a minha esposa a voltar outro dia
... para que eu não tivesse um ataque do coração por tanto carinho. Ela negou e
disse que eu precisava desses momentos para fortalecer meu espírito. Lá fui eu
!!
Paramos o carro, não muito longe do local ... no máximo uns
3 quilômetros. O organizador do evento é uma pessoa muito sábia e com o
conhecimento de que em feiras de gestantes os frequentadores estão acostumados
a percorrer longas distâncias e ainda carregando peso extra, providenciaram que
além da distância do estacionamento, teríamos que percorrer o percurso até o
galpão. Mas sabendo que há pessoas preguiçosas ele providenciou carrinhos de
transporte similares aos de golfe. O engraçado é que poucas pessoas usavam esse
benefício, não sei se devida a boa forma de todos ou se era devido a fila que
serpenteava.
Quando finalmente eu cheguei à entrada do galpão, ansioso
para ver tudo o que ele continha, a minha esposa solicitou ir ao banheiro.
Mulheres grávidas e banheiros públicos tem um enorme grau de atração. Na porta
do banheiro eu aguardava e ali mesmo um estande de coisas do sul bombava. Era
queijo, vinho, provolone, embutidos ... uma loucura!! Para quem possa estar
imaginando a relação dessa venda com a feira de gestante eu digo que também
estou procurando. Deve ser algum desejo comum nas grávidas.
O local do evento era organizado. Ruas em ordem alfabética
num sentido e numeradas no outro. Assim
antes que minha esposa saísse do banheiro eu já tinha traçado mentalmente o
caminho que iríamos percorrer. Assim que ela saiu do banheiro me entregou uma
lista com as coisas que deveríamos comprar naquele dia. Eram poucas e me lembro
perfeitamente que a primeira delas era uma lixeira. Assim de posse da lista e
com muito ânimo entrei no primeiro corredor.
O que dizer da emoção ao perceber o quão largo e espaçosos
eram os corredores. Havia espaço para tudo. E como sobravam pais educados, com
suas mulheres ajeitadas e com filhos comportados, ninguém se esbarrava. Senti
até falta do calor humano do metrô carioca. Minha esposa saltitava entre uma
loja e outra e eu acompanhava a sua festividade cumprimentando educadamente os
pais que passavam por mim. Carrinhos de bebês tinham faixa exclusiva, assim
como os ônibus em São Paulo e Rio. Civilidade exemplar. A única coisa que me
perturbava um pouco era o ar condicionado, o frio era estúpido. Por diversas
vezes pensei em me agasalhar.
Minha felicidade era incontrolável, porém eu estava lá com
um objetivo e pretendia cumpri-lo. Eu tinha que fechar a lista de compras que
minha esposa me entregou. Sabia também que não poderia demorar muito, apesar do
meu desejo, pois minha esposa está grávida com 8 meses e precisa de descanso. Assim
foquei minha meta e passei a ela o primeiro item ... a lixeira !!
Entramos num estande, ela olhou a lixeira, mas se interessou
por um kit berço que faltava. Engraçado que este item não estava na lista. Ela
olhou, mas não comprou o kit, comprou um rolinho para colocar na cama.
Segunda loja e agora eu tinha certeza que ela compraria a
lixeira. Olhou, olhou, olhou ... e no final comprou um kit de porta trecos para
pendurar no quarto. Nada de lixeira. Comecei a me preocupar. Afinal a lista não
era tão pequena, eu já havia comprado 2 coisas e nenhuma delas estava na lista.
Terceiro local e eu não sabia mais se deveria ou não olhar a
lixeira, ela não parecia se interessar muito naquilo que eu mostrava. Enquanto
eu admirava as diversas cores e formas das lixeiras ela comprou um ultramegapowerantirefluxo
travesseiro para o bebê. Para mim o
travesseira era nada mais do que uma espuma normal com caimento ... mas eu não
entendo nada né ?? O que soube é que preço era bem proporcional ao nome do travesseiro !!
O tempo passava enquanto eu acompanhava a minha esposa
carregando suas sacolas. Ao fundo um som amigável divulgava aos compradores que
havia uma barraca com quitutes culinários saborosos e apropriados para a
ocasião. Era bobó de camarão, caldo de mocotó, caldo de feijão e caldo verde !!
Era admirável observar a multidão que aguardava ansiosa para comer esses
premiados pratos gastronômicos.
Enquanto eu me mantinha anestesiado pelo fluxo constante das
pessoas a minha esposa me passava sacolas com as coisas que havia comprado. Com
o tempo meu deslocamento tornou-se difícil devido aos volumes e em sacola
alguma eu vi a lixeira !!
Depois de curtas 3 horas fomos embora. Eu lamentava a minha partida!! Fui lentamente para o carro e me despedi de todos os amigos que fiz no local. Agora só me resta a ansiedade pela próxima feira !! SÓ QUE NÃO !!!