Respeito todas
as religiões, mas acima delas respeito o poder da boa vontade, do
companheirismo, das pessoas de boa fé. Lembro-me, portanto da célebre frase de
Madre Teresa de Calcutá, que quando argüida sobre sua religião respondeu sorrindo:
“Minha religião é o amor” e o entrevistador, não satisfeito, pergunta então: “Então
quem é DEUS em sua religião?” e nesse momento surge toda a sabedoria de uma
mulher iluminada, com uma simples frase: “ Deus é o outro”.
Se mais pessoas no mundo tivessem a
capacidade de entender o poder dessa sublime frase, não haveria assassinatos,
nem guerras, nem pobreza, nem toda a crueldade que vemos no mundo quando
presenciamos crianças abandonadas. Pode ser uma tremenda insanidade minha
desejar isso e talvez absurdamente UTÓPICO ... todavia nada consegue me deixar
mais motivado do que o brilho no olhar daquele que foi visto como Deus.
Acalmem-se, eu não estou ficando
louco. Vou explicar quando digo que vejo no outro Deus. Por acaso em algum
momento de suas vidas vocês já tiveram a oportunidade de doar de coração algo a
alguém que realmente precisasse muito?? Qualquer coisa, por menor que fosse.
Quando isso acontece e a pessoa agraciada recebe a doação, seus olhos refletem
uma luz, um brilho, uma alegria, que para mim nada mais é do que a forma que
Ele (e seja lá quem for Ele) encontrou de nos agradecer. Nesse momento único na
vida de cada um de nós, nosso coração pulsa forte, a mente fica limpa e aquela
alegria que vemos no próximo passa tão naturalmente para nós que nada além de
amor ocupa nosso corpo. Esse amor ... esse lindo amor ... é o que madre Tereza
cita como religião.
Deixando a política, os interesses, o
consumismo, e um monte de convenções sociais ridículas que temos, poderíamos
perceber que cada criança abandonada, cada pessoa necessitada, cada criatura
desamparada, é uma oportunidade de receber um muito obrigado DIVINO. E é nesse
fato que quero a atenção de todos!! Como demonstrei acima, o amor é sempre
recíproco nem que seja despercebido. Um grande poeta de rua dizia que a solução
para nosso mundo é a gentileza. Atestava nos muros com firmes frases e sempre
acabava dessa forma : “ Gentileza gera gentileza.”.
Pensando então nas minhas amizades
ao longo da vida, percebo que se tenho pouquíssimos amigos de infância o motivo
é bem simples - faltou gentileza. De ambos os lados, admito. E nem vou gastar meu
tempo tentando justificar, ou mesmo expor os motivos para essa falta de
gentileza, afinal minha esposa ressalta que necessito de várias horas de
terapia para resolver esse lado obscuro da minha mente. Já escrevi o “O Dom do
Bullying” aqui. Porém nada poderia ser mais delicioso do que olhar para meus
últimos anos de vida e perceber que em 4 anos eu fiz amizades tão fortes, tão
grandes e tão intensas, que o simples
fato de estar distante me leva as lágrimas.
Assim aprendi como a vida pode ser
deliciosamente mais gostosa quando estamos rodeados de amigos. Descobri que o
melhor olhar do mundo é recheado com um sentimento que nos aquece e engrandece
nossa alma.
Por vezes sonhamos juntos e alguns
sonhos foram até realizados. Vimos uma família aumentar e aí virei o Tio
Wagner. Misturamos culturas mineiras, paraenses, maranhenses cariocas e com
essas culturas, cheiros, paladares, músicas. Nessas misturas aprendemos também
a respeitar e nos divertimos com aquelas preferências que ao nosso olhar era
demasiadamente estranha. Outras vezes curtimos um gosto comum e por diversas
descobrimos esse gosto juntos. Apresentamos pais, irmãos, parentes e sempre
fomos abençoados com o prazer da companhia um dos outros.
Algumas vezes
bebemos muito, comemos muito, e outras falamos muito, mas em cada encontro a
certeza era do sorriso ... dos inúmeros sorrisos. Por vezes precisei de
conselhos, e soube onde encontrar. Por vezes precisei de ombro e ele estava
ali. Algumas vezes eu precisava só de uma carona, ou de um carro, mas esses também sempre
encontrei com facilidade e carinho. Amizade é isso ... é um doar eterno, para
receber em troca o melhor olhar do mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário