terça-feira, 5 de outubro de 2010

REVOLTA DAS ELEIÇÕES

            Hoje eu acordei irado. Não posso deixar de escrever e assim exprimir o quão revoltado eu estou com os fatos decorridos nessas eleições.
            Se acalmem, não quero discutir aqui apoio ou oposição ao governo, e acredito nem ter suficiente conhecimento para debater assunto que retrata anos e anos de história política. O objetivo desse texto é muito mais sério e também muito mais simples ... expor minha indignação quanto à vergonhosa situação em que a política brasileira e a população se encontra no que diz respeito a política.
            Chegamos ao fundo do poço e roubando a equívoca frase de Galvão Bueno: “Estamos no limite extremo” de nossa ignorância política. Se quiserem a comprovação do que falo, basta olhar a lista dos deputados que se elegeram. Nem as mulheres que sempre foram, para mim, símbolos de responsabilidade política quando decidem entrar nessa empreitada, são hoje, exemplos. Madame Bovary ficaria internada ao ver quais são as mulheres que visam hoje representar a sua classe, ainda bem que a Mulher pêra não se elegeu.
            Mas o que há de se falar de um candidato que recebeu sozinho mais de 1,3 milhões de votos, sendo que sua propaganda política se baseava no simples fato de que ele não fazia a menor idéia das responsabilidades do cargo que se propunha ocupar? E a loucura não para, pois esse mesmo candidato se predispõe a esclarecer, assim que for eleito, quais são suas funções e mostrar para a população o que faz um deputado federal. O mais interessante desse fato é o próprio slogan, que afirmava convictamente que a situação do Brasil não poderia piorar, sendo ele eleito ou não.
            Convenhamos Brasil, quando votamos numa pessoa como essa, estamos decretando que num estado como o de São Paulo, onde esse candidato foi eleito, que ao menos 1,3 milhões de pessoas não fazem a menor idéia quais são as responsabilidades de um deputado federal. E nem ousem me falar que foi um voto de protesto. Protesto de quê? Para quem? Se vamos protestar temos que ter um objetivo e não vejo objetivo algum em votar num absurdo desse. Ao contrário, vejo mais uma vez um retrato da falta de cultura e civilidade em que nosso país se encontra. Para aqueles que mantêm a opinião do voto de protesto, ressalto que sentar no carrinho do papai para discutir entre amigos o futuro do nosso país enquanto fumam maconha e divagam sobre os mais variados assuntos, não é protesto, é imparcialidade, falta de leitura e uma tremenda falta de civilidade. Fica fácil discutir qualquer coisa quando não se tem obrigação sobre nada e também não haverá de mudar nada em sua vida. O problema desses jovens e adultos é que o voto para eles já não representam diferenças e, portanto pouco irá interferir em suas vidas.
            Nossa população acostumou-se a ser comprada nas eleições. São carros adesivados em troca de tanques de gasolina, são sacos de cimento ou cestas básicas para cada voto na família, são 50 reais para cada pessoa que desfilar com uma bandeira do candidato nas ruas, são 200 reais por semana para cada um que andar pela cidade com seu carro de som fazendo campanha... e assim vamos, aceitando o absurdo do voto de cabresto que historicamente  existe no Brasil desde a primeira eleição. Por tudo isso, declaro aqui, que terá meu voto quem ousar em sua campanha decretar que fará de tudo para que o voto não seja obrigatório no Brasil. Sem a obrigatoriedade a compra não seria tão eficaz, os eleitores só iriam votar quando interessados e os políticos teriam que fazer muito mais do que sujar a cidade e poluir nossos ouvidos para angariar votos daqueles que decidirem ir às urnas.
            Refletindo sobre o que o tão famoso humorista e candidato eleito diz em seu slogan, percebo que o Brasil realmente não pode ficar pior, não depois de tê-lo eleito com tanta força.
            A boa notícia é que nós brasileiros, ao contrário do que diz o refrão: “Sou brasileiro e não desisto nunca!”, temos memória curta e acabamos nos esquecendo dos fatos, dos votos e dos políticos, e em pouco tempo nossas vidinhas continuarão como sempre e vamos desistir mais uma vez de lutar por melhores representantes para nosso povo.
           

3 comentários:

  1. Talvez a situação comece a mudar por conta da internet. Aqui, por enquanto, os grandes grupos não mandam... expressamos nossas opiniões livremente pelos blogs e redes sociais.

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  2. 1 palhaço foi eleito por 1,3 milhões de palhaços. Afinal, a população quer pão, mas quer circo também, né?

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  3. Concordo plenamente com sua opniao. Acho tambem que a unica solucao e' o Voto nao obrigatorio. Os cidadoes Brasileiros precisam se educar politicamente. Essa eleicao mostrou que do jeito que esta, nao da mais. Tem muita coisa para se mudar na Constituicao Brasileira.

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