segunda-feira, 16 de julho de 2012

A ARTE DE DIVIDIR A CAMA




Durante todo nosso crescimento jamais somos treinados para o momento único em nossas vidas. O dia em que tomamos a decisão de dividir nossa cama para o resto da vida com a mesma pessoa. Podemos estar casados ou não ... o que importa é a escolha de dormir ao lado dessa pessoa que amamos. Então o local onde amor é acolhido, torna-se um campo de batalha.

Quem tem o prazer de conhecer a minha esposa jamais poderá imaginar as atrocidades que ela comete quando está dormindo. Aquele corpo lindo, delicado e esbelto já fez loucuras na cama. Se você, leitor, está pensando em pornografia ... lamento, não tratarei desse assunto íntimo no meu blog. Estou falando da única disputa que importa na cama ... o travesseiro e o cobertor.

           

Nossa batalha começa como qualquer outra. Primeiro os inimigos se dão as mãos numa tentativa de aliviar as pressões e assim conseguir tempo para preparar as armas da batalha. Toda noite eu me deito na posição que ela melhor se aconchega. Eu fico de barriga para cima e com as mãos no peito. Ela se deita ao meu lado, passa uma perna por cima das minhas, uma mão segura meu braço e a outra passa por cima do meu peito, indo se aconchegar perto de meu rosto. Não é a posição mais confortável para mim ... mas isso não é importante. Enquanto ela adormece eu fico admirando a bela cena da minha mulher envolvendo todo o meu corpo. Uma delícia !! Até o momento em que ela realmente caí no sono.

Minha esposa desenvolveu a técnica de ocupação do território inimigo. O seu travesseiro ela abraça e sua cabeça repousa no meu, me colocando assim na extremidade do mesmo. Para essa mesma técnica ela desenvolveu a capacidade de dormir na diagonal da cama, me mantendo assim no espaço que chamo buraco negro. Apelidei a dobra do colchão com esse nome por um simples fato: quando nos encontramos nele e adormecidos percebemos que não há mais espaço no colchão, automaticamente nosso corpo percebe a atração que esse espaço tem e nos puxa, visando levar-nos para o chão frio e escuro. Claro que com o tempo eu também desenvolvi a técnica de fuga do buraco negro. Uso o meu cutucão noturno e peço gentilmente para que a mesma me libere ao menos mais meio centímetro para que eu consiga respirar sem cair. O inimigo recua abrindo espaço no campo de batalha.



           

Em dias de frio a arma elaborada pela minha mulher é conhecida como casulo. No começo dividíamos a mesma coberta. Que por sinal era KING. Ainda assim ela conseguia me deixar totalmente fora do tecido. Chamo essa arma de casulo pelo formato que ela adquire durante a noite. Enquanto ela se enrola na coberta me resta disputar pelas pontas e usar minha força para desenrola-la. Depois de várias disputas cruéis pelo aconchego do cobertor e ciente das minhas derrotas eu admiti ser fraco nessa batalha e passei a dormir com outra coberta. Na minha noite de estreia com meu próprio cobertor, acordei na madrugada sentindo o frio no corpo. Sonolento, procurei com as mãos minha manta, passando-as pelas laterais da cama. Quando não encontrei, no escuro, me sentei aos pés da cama e fui verificar se a mesma tinha caído no chão. Olhei em volta e nada. Não me restou outra opção senão observar minha esposa. E lá estava minha coberta, formando o maior casulo já visto, um casulo que mantinha minha esposa uns 30 centímetros acima do colchão. Rindo com minha desgraça, acordei-a do seu belo sono e implorei pelo meu cobertor. Desde então só durmo enrolado e instalei um sistema antifurto, que ao menor puxão liga luzes pelo quarto e aciona uma sirene.


Minha esposa desenvolveu armas psicológicas nesse processo. Sua disputa pelo território liberou seu lado mais cruel e hoje ela usa de mecanismos de tortura para me confinar ao menor espaço possível. Certa noite ela acordou e num chamado sensual me disse que iria tirar a calcinha. Se você e casado e sua esposa acorda as 3 horas da madrugada e lhe avisa que irá tirar a calcinha, nosso corpo já se prepara para o amor. Eu já estava todo pimpão !! Então ela se sentou na cama e naquela pose que só as mulheres sabem, retirou sua calcinha, descendo a mesma pelas pernas de uma maneira que jamais irei esquecer. Jogou o tecido no canto do quarto e se deitou. Pronto ... eu virei de barriga para cima e esperei o ataque. Logo em seguida a minha deliciosa esposa voltou-se para o travesseiro como se nada tivesse ocorrido. Fiquei ali feito um bobo, achando que ela ainda iria me chamar ... ou me agarrar. Quando alguns poucos segundos haviam se passado e ela não demonstrou reação fui verificar o seu estado, constato portanto, que ela dorme no melhor sono. Excitado e confuso demorei um bom tempo para voltar a dormir e fiquei encolhido no meu cantinho.

           

Minha única arma natural nesse processo é o meu ronco. Uso esse mecanismo numa tentativa única de colocá-la distante de mim. Mas meu amor se adapta com rapidez e o que antes era um barulho irritante se tornou música para os ouvidos dela. Sinto que nessa disputa eu estou ficando cada vez mais fraco.

Admito porém que o mais complicado de todo esse processo é conseguir dormir quando estou longe dela. Fico sempre com a sensação de que falta algo ... talvez seja a emoção da luta noturna ... talvez seja só a saudade dos seus pezinhos gelados em minhas costas durante a noite !! Jamais saberei !!!

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